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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

a arte eletrônica invade os museus

Não é de hoje que a arte eletrônica permeia o paladar, as tendências e os costumes jovens. Suas inúmeras características claramente identificáveis com a própria natureza da civilização pós-moderna, faz com que as relações de fruição desse tipo de arte, para o jovem dos anos 2000, seja mais natural, palatável e menos conflituosa. Isso levou muitos pesquisadores das áreas de comunicação e artes a lançar questões como: nesse contexto, qual seria o papel dos museus e galerias ou se seria o fim dos espaços contemplativos.

Sem se preocupar com esse questionamento a arte eletrônica vem criando e tomando para si espaços, materializando o seu hibridismo conceitual com suas novas formas estéticas nos antigos espaços institucionalizados de fruição artística. Os museus ganham novos ares e públicos no diálogo com as mais recentes tecnologias e velocidade peculiar à ciberarte. Como exemplos mais visíveis disso, tem-se a efervescência de eventos audiovisuais nas programações dos museus de arte moderna. Nesses eventos, geralmente com caráter de festival e conteúdos colaborativos, jovens experimentam e trocam experiências entre si, como o fazem em ambientes virtuais como o youtube e o myspace (comumente utilizado como espaço de compartilhamento de música).

Além dessa apropriação de antigos espaços, tem-se deflagrado também uma proliferação de MIS (Museu da Imagem e do Som) por todo o Brasil, tendo como maior expoente o
MIS São Paulo. Alguns museus de som e imagem são anteriores ao surgimento da arte eletrônica, mas são os espaços físicos de maior circulação e institucionalização dessa arte e, o fortalecimento da mesma é uma das causas da crescente expansão dos MIS.

Um dos eventos de maior sucesso do país é o
FILE (Eletronic Language International Festival ou Festival Internacional da Linguagem Eletrônica), que, além de outros espaços, acontece no MIS São Paulo e que aproveita o ensejo também para o desenvolvimento teórico sobre o tema, armazenando um banco de dados em seu sítio.

Em Salvador, o exemplo de maior sucesso atualmente é o evento
Zona Mundi, que acontece a cada mês desde 2009 no MAM Bahia e, além das apresentações de música e audiovisual, cria diálogos entre artistas locais e convidados, através de oficinas e intercâmbios. O MAM Bahia inclusive tem se configurado nos últimos anos como pólo difusor de arte eletrônica, recebendo diversas exposições e instalações desse segmento.

O crescimento desenfreado da arte eletrônica, estando presente nas mais variadas vertentes, tem forçado algumas mudanças de modelos e conceitos, até mesmo para os mais conservadores, um forte exemplo disso, foi a mudança do termo, aparentemente conciso, "artes plásticas" para "artes visuais", considerando um leque mais amplo de possibilidades estéticas. O que se vê portanto é uma adaptação, uma transformação, como tudo na vida e como tem sido com os novos modelos de economia advindos das possibilidades midiáticas da internet colaborativa, as tecnologias são modificadas e convivem entre si. Não acredito no fim do espaço contemplativo, mas não se sabe no que ele consistirá daqui pra frente.

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