Páginas

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

memorial de "sobre arte eletrônica"


Resumo

Com o intuito de pesquisar e explorar a ciberarte, o grupo optou por realizar um documentário intitulado “Sobre arte eletrônica”, que pretende traçar um panorama sobre o tema a partir de relatos de teóricos, produtores e artistas. O documentário reúne, além dos depoimentos, imagens do Zona Mundi, circuito eletrônico de som e imagem, que ocorreu em Salvador nos meses de agosto a dezembro. Procuramos explorar a arte eletrônica em sua teoria, prática e inserção no mercado consumidor.

Palavras-chave: arte eletrônica, documentário, Zona Mundi.

Introdução: Arte eletrônica

Apropriando-se das novas tecnologias, a ciber-arte vem construir uma nova lógica no processo artístico. Abusando da interatividade, da criação coletiva e dos meios virtuais, inaugura experimentações cujo interesse está na nova forma de se comunicar, mais do que no seu produto final.

A ciber-arte, ou arte eletrônica, tem como característica principal o uso da informática e dos novos meios de comunicação para criar novas possibilidades estéticas. Vai se constituir numa nova forma simbólica, que procura explorar a numerização, a spectralidade, o ciberespaço, a instantaneidade e a interatividade, quebrando a fronteira entre produtor, consumidor e editor.

A video-arte, a tecno-body-art, o multimídia, a robótica e esculturas virtuais, a arte holográfica e informática, a realidade virtual e, obviamente, a dança, o teatro e a música tecno-eletrônica, são as expressões mais importantes. A ciber-arte é uma arte interativa, dentro do paradigma digital da civilização do virtual, e traz como grande novidade o seu suporte. Por isso, o desafio deste novo artista é conseguir romper com as formas e suportes pré-estabelecidos e conseguir configurar um novo fazer artístico a partir das tecnologias.

“Embora a arte, em todos os tempos, seja portadora de valores presumivelmente universais, tão universais quanto difíceis de discernir, a arte tem aspecto material que não pode ser desprezado para ser produzida, ela depende de suportes, dispositivos e recursos. Ora, esses meios, através dos quais a arte é produzida, exposta, distribuída e difundida, são históricos.” [pág. 248] “[...] um dos desafios do artista é dar corpo novo para manter acesa a chama dos meios das linguagens que lhe foram legados pelo passado [...] o outro desafio do artista que é o de enfrentar a resistência ainda bruta dos materiais e meios do seu próprio tempo, para encontrar a linguagem que lhes é própria, reinaugurando as linguagens da arte.” [pág. 249] (LEÃO, 2003).

Não se pode negar que, com a ascensão e o acesso cada vez mais facilitado às novas tecnologias, a ciber-arte tem ganhado seu lugar de destaque. O mundo ao qual esse "ciber-artista" se refere, não é mais o mundo real dos fenômenos, mas o mundo virtual dos simulacros.

Segundo Lemos (2004), “a arte eletrônica vai se constituir numa nova "forma simbólica", através da qual, os artistas utilizam as novas tecnologias numa postura ao mesmo tempo crítica e lúdica, com o intuito de multiplicar suas possibilidades estéticas. Essa nova forma simbólica vai explorar a numerização (trabalhando indiferentemente texto, sons, imagens fixas e em movimento), a spectralidade (a imagem é auto-referente, não dependendo de um objeto real e sim de um modelo), o ciberespaço (o espaço eletrônico), a instantaneidade (o tempo real), e a interatividade, quebrando a fronteira entre produtor, consumidor e editor”.

A arte eletrônica é fruto também do processo de desconstrução dos meta-discursos que legitimaram a modernidade. Ela se encaixa bem nessa desconstrução, virtualização e desmaterialização do mundo pela qual estamos passando (em plena pré-história) com o desenvolvimento do ciberespaço e da realidade virtual, sem falar na fusão, cuja figura extrema é o cyborg, do corpo biológico com nanotecnologias inteligentes e com implantes dos mais diversos. A ciber-arte tenta transitar por essa cultura do híbrido: do espaço físico e do ciberespaço, do tempo individual e do tempo real, do orgânico e do inorgânico. (LEMOS, 2004)

A música eletrônica, característica principal do evento que marca o presente documentário (Zona Mundi), é um exemplo forte da ciber-arte. Hoje, ultilizada com “a música tecno e o movimento dos “zippies” e "ravers", que eclodiram na Inglaterra, na década de 80, e atingem agora o mundo” (LEMOS, 2004). Como exemplo deste movimento está presente em “Sobre arte eletrônica”, o músico Guizado, que mistura trompete clássico com o “beat” eletrônico.

Esse movimento mostra, talvez, um dos exemplos mais interessantes da cibercultura, unindo de forma hedonista, socialidade e tecnologia. Essa "tecnosocialidade" ocorre da fusão de uma música futurista, minimalista e rítmica ("tecno") com os impulsos tribais contemporâneos (LEMOS, 2004).

O projeto

Com o intuito de realizar um panorama sobre o cenário da arte eletrônica, sobretudo na cidade de Salvador, através de um registro cinematográfico documental, o grupo optou por captar depoimentos não apenas de artistas, produtores e idealizadores de projetos em tal área, como também de estudiosos e teóricos sobre o assunto.

Sendo assim, em um primeiro momento, foram realizados contatos com Vince de Mira o realizador do projeto “Zona Mundi – Circuito Eletrônico de Som e Imagem”, o qual ocorre mensalmente no Museu de Arte Moderna de Salvador (MAM) e traz a cada edição, convidados atuantes do circuito eletrônico do Brasil para ministrar oficinas e executar apresentações artísticas ao vivo ao público participante.

Vince de Mira autorizou a captação de imagens da edição do Zona Mundi de novembro, ocorrido do dia 12 do mesmo mês. Além disso, foi realizada uma entrevista com um dos convidados: o trompetista Guilherme Menezes, paulista conhecido como Guizado, que discorreu, dentre outros tópicos, sobre as influências dos diferentes estilos musicais sobre o seu trabalho e as dificuldades enfrentadas pelos artistas da área eletrônica sobretudo no que diz respeito a aquisição de equipamentos e instrumentos adequados no Brasil.

Nesta mesma data e local, entrevistamos também, a produtora Renata Hasselman, integrante da “Multi – Planejamento Cultural”, responsável pela co-produção do projeto Zona Mundi. Renata falou sobre a importância da arte eletrônica para a contemporaneidade, do crescimento deste setor nos últimos anos, assim como do seu público consumidor.

A partir deste ponto, as pesquisas sobre atuantes na área de arte eletrônica foram intensificadas. Entramos em contato com o artista Daniel Lisboa, o qual se encontrava na época em Madrid, e estava disposto a nos dar uma entrevista sobre o tema quando retornasse a Salvador – infelizmente não obtivemos mais retorno do mesmo. Fato semelhante que também se deu, posteriormente com Diego Brotas (orientando do professor André Lemos, pesquisador em música em mídias móveis) que estava retornando para Vitória, e com Ivani Santana, pesquisadora em dança e cibercultura.

Com a orientação do professor André Lemos, entramos em contato com Karla Brunet, especialista em crítica em arte eletrônica, com experiência na área de Artes e Comunicação, com ênfase em cibercultura, arte digital, arte e tecnologia e fotografia; e Messias Bandeira, doutor em cultura contemporânea e pesquisador em cibercultura.

No dia 02 de dezembro, o grupo compareceu a mais uma edição do Zona Mundi: desta vez, na oficina ministrada pelo Coletivo Laborg, convidado do mês pelo projeto. Foram captados depoimentos do público participante da oficina e imagens da mesma.

Na mesma data, ocorreu também a entrevista cedida pela estudiosa Karla Brunet, contribuindo para a visão acadêmica do documentário em construção.

No dia 03 de dezembro, captamos imagens da apresentação das apresentações dos convidados do Zona Mundi, através do celular, com o intuito de demonstrar inclusive a influência de tal mecanismo na área estudada.

A última entrevista realizada se deu no dia 06 de dezembro, com Messias Bandeira, a qual, juntamente com o depoimento de Karla Brunet, permitiu que ampliássemos a visão da arte eletrônica para além do seu fazer artístico.

Referências

LEÃO, Lucia. (org.) O Chip e o Caleidoscópio. São Paulo: Editora Senac, 2003.

LEMOS, André. Arte eletrônica e cibercultura. Disponível em: http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?id=5649. Acessado em 06/12/2010 às 19:20h

Nenhum comentário:

Postar um comentário